terça-feira, 30 de janeiro de 2007


Ciumêra

Katarzyna Widmanska

Primeiro era a falta de memória,
depois veio tudo aquilo,
tanta cena, tanto arquivo
tanto poema,
que foi tudo ficando assim
meio batido,
meio alusivo,
sendo repetido
sem qualquer sentido,
senti entrar por trás
de uma só vez
quando vi o bonito
sendo assim engolido
e expelido
por cuzões e empedernidos
mas fazer o quê ?
a palavra é livre,
e é assim que eu a vejo linda,
se esfregando de boca em boca,
se entregando
sem nada em troca.
Que algo a proteja
e que lhe preserve a força,
que o tesão a mantenha,
desembestada e solta
ou que alguma desgraça
me faça cega , surda e muda
pra vivermos só eu e ela
em reverências eternas
na escuridão dos meus buracos...

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