quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Incômoda Existência Abominável

Mesmo que você me mate
o que eu sinto vai ficar por aí
embolorando os pães, estragando as frutas
incomodando o sono dos bebês
Mesmo que você me castre
meu sexo descolado insistirá em se enroscar
nas pernas das pessoas por baixo das mesas
como o rabo de um gato carente
e despertará tesão até nos mortos enterrados
Mesmo que você me dissolva
derretendo meu corpo com ácidos poderosos
eu vou permanecer nos dedos afoitos
no sussurro dos assuntos proibidos e
nas traquinagens dos meninos psicopatas
Serei sempre este insuportável paradoxo complexo
que alimenta a relação dos amantes que se detestam
o visgo que ata o sádico ao masoquista
a areia movediça que te engole
quando tudo o que você deseja é a leveza
do gozo e do foda-se

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