segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Cínica



Eu digo que não quero,
que não gosto,
que tô fora...
Atiro pra todo lado,
eu não presto,
eu sou eu,
o resto é resto.
Mas, num relance
você me olha,
sorri de leve,
disfarça,
finge ir embora,
passa por mim,
esbarra, me toca
e nesta hora:
me faltam pernas
engasgo, me babo
viro uma otária,
renego o óbvio,
tô facinha,
tô de quatro,
só esperando a hora...

sábado, 24 de março de 2007


No instante pós



não se afaste
permaneça encaixado
não se mexa
só aceite
sinta ser massageado
contraindo pressionando
o que está tão relaxado
me sinto acariciando
com movimento lapidado
repito lenta e sem pressa
durante um tempo incontado
aprecio a delícia
do presente que me é dado
vou ao limite, não escondo
o tesão já renovado
sinto pulsar nas entranhas
seu membro duro tarado
não aguento recomeço
meu eterno rebolado.

* resposta ao Affonso que encontrei quando passava pela Rua do Val.Muito inspirador esse negócio de responder poemas... Adorei usar poetas famosos como musos...


Decidida

Jose(Pepe)Madrid Raya

Andava cambaleante
cheia de paixão nas ventas
via tudo distorcido
e esperava o tal encontro
quando chegou o momento
passado o gelo na alma
é que ela atentou para o fato
o espetáculo era um monólogo
e o moço só queria aplauso
cristaltrincado, porcelanalascada, obturaçãocaída.
Mesmo num só pé
manteve-se sobre o salto
retocou o batom
ao passar pelo espelho
olho vermelho
da lágrima que não caiu

antes do fim do 1° ato
levantou-se chamando atenção
escolheu um alguém que passava
foi levando-o pela mão
deu pra ele a noite inteira
acordou renovada
esqueceu o contratempo
mas jurou aos quatro ventos:
apaixonada?
satisfeita, quero não,
muito obrigada.


Poemanimal



não fez a dívida
mas pagou o pato
engoliu o sapo
sustentou o mico
acreditou no viado
e acabou bancando a anta
vai burra, aprende
na próxima seja rata
esse papo de "gata"
só funciona com as cachorras.

sexta-feira, 16 de março de 2007


Poeminha Nômade

Antonio Porto

voar,ver outros verdes
e voltar a vida
vadiamarelinhadaqui.

sexta-feira, 9 de março de 2007


Mario Lago


Ah quem me dera,
ser do dancing a donzela,
enroscar naquele corpo esguio,
sem dar um pio
só ouvir aquela voz eterna
que num sussurro
me abre as pernas...

*deliciosamente provocada pelo Val, na Rua da Passagem.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007


Menina de Mar



Eu conheço uma moça no Rio
que vive banhada de mar
há muito não é menina
mas guarda mistérios a revelar
festeira, animada
sua sede não sacia
no inverno é desejada
no verão é só folia
meio doida, diferente
se destaca das demais
bebe pinga a indecente
e se entrega ali no cais
mostra tudo,
e como é linda
bota o mundo a rebolar
faz dobrar a atenção
quando por ela passar
todos disputam a danada
querem dela algo ser
e ela ri desaforada
só aceita quem for bom
na cabeça ou safadeza
tem que mostrar algum dom
é quando a moça te abraça
e seu carinho arrepia
você vai longe, mas volta
pro seu feitiço de orgia.

Foliana


Virada no tetéu
sambei o amanhecer
observadora vibrante
encinemados sorrisos
coloridos corpos suados
goles de sonho e alegria
molhando as cinzas do dia tal
a cada batida marcada
novos caminhos surgindo
dos nossos passistas pés
Num desvio de harmonia
fui parar na padaria
onde um folião resistente
assoviava aquela canção
que dispara meu peito
surdão
lembrei seus desviante-olhares
e suas bobagens cotidianas
em um compasso ascendente
joguei a vida lá adiante
porque atrás sempre vêm gente
basta rebolar e sorrir
provocada não dei tréla
quando me atacou a saudade
daquela camisa amarela
virei as costas
fui embora
saí cantando faceira
pois tristeza nessa vida
só quem gosta é a jardineira...

"Vem jardineira, vem meu amor ..."

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Indício de Maturidade



Carnaval
sem igual
sóbria
pulei muito
em homenagem
ao frevo
tesourinha
perna fechada
perna aberta
perna aberta
perna aberta
hummmmmmmmmm

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007


Saci - Pereréia


Silêncio.
Noite.
Nem um pio.
Só eu,
Cio,
Rio,
Rodopio.
Passou por mim,
olhou,
não dá outra:
Ô,
vem cá,
Psiu,
Fiu Fiu !

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007


Umbigo cortado
(ou bem vindo a MenteQueSente)


A minha poesia-filha
parece ficou mocinha
descolou um cafofo transado
e se foi morar sozinha
Agora só anda bêbada,
fica com todo mundo
e dá festa todo dia
quando se abre a janela
já bem de manhãzinha
parece uma passarela
só dá ela, só dá ela
sambando alucinada
rebolando feito doida
sobre a língua das vizinhas...

terça-feira, 30 de janeiro de 2007



Quando seu corpo resolver falar, ouça-o
é muito sábia a voz da pele.
Se ao ser tocada, seus pelos se eriçam
com certeza, eles tem algo a dizer
e se determinadas mãos
ao percorrer os seus segredos
deixam um rastro de calor e desfalecimento,
entregue-se, abra todas as portas e janelas
deixe que essa luz invada todo seu ser
a importancia dessa comunicação é imensa
e nada mais doce
que dois corpos ardendo no mesmo fogo
sugando e sorvendo a beleza
da mesma lingua.



Horas depois do amor
ela banhada, deitada, sozinha
perde-se em lembranças
daquele sexo tão bom
De sua fonte
brota uma umidade morna
e o cheiro que exala
é o dele...


Amor de Papel


Ele gosta de mim
Assim como quem gosta
de um quadro, uma foto
me olha sempre
buscando a surpresa
eu ali naquela parede
sem vida
o mesmo sorriso
o mesmo olhar
sem discordar
sem implicar
uma presença de não existir
uma comodidade
um nada vestido de flor
tão bacana que até enjoa...



Eu me arrasto
ele ri e diz: Não exagera !!!
eu como meio pasto
e rumino por uma década...



Pra quê tanta definição?
Se daqui a pouco me transformo...
Pra que tanto mergulho nas profundezas?
Pra que tanta filosofia?
Não é necessário,
eu sou quase nada,
o que não é sol e sal,
é
poesia.



Baleias dormem
tudo dorme
menos o tempo
atento
ele crava as unhas
e sulca
nossa pele.


Ê Paraty...


Não me dê desculpas
Não fale nada,
não explique.
Temos almas tatuadas,
falamos a mesma língua,
somos viciados em tropeços
e recomeços
se não dá,
não força,
enche meu copo
encosta em meu ombro
e pinta minha vida
com alegria e poesia
o que não vem do corpo
também sacia.


Cuma???


Faça difícil
Consiga de novo
termine no início
coma o caroço
apareça no escuro
acerte na dúvida
extraia o osso
chegue depois
séculos além
bem humorado
e moço.


Fatídica


Na hora do "finalmente"
ele veio com um papo de "de repente..."
e eu broxei
"Literalmente" !!!


Valadão -Bengell


Vem, me aperta
neste canto de balcão,
assim "rampeira"
me destrata,
mas começa com a mão
por baixo da minha saia
que é por onde mais
me agrada...


Insight


Sensata,
cansei de pensar como a vida é ingrata,
quando me vejo aqui,despida...
Pondero,
se encontrar meu sutiã
entre tantos copos e corpos,
passo a crer na providência,
e conserto essa demência,
de jogar tudo pro ar...
Anda sonsa...
Responsa !!!
Agiliza !!!
Concentra !!!
Fica sã!!!
afinal,você sabe quanto custa
um sutiã-avelã !?!


Umbigo


Eu nasci assim,
uma canção do Jobim.
hora sim, hora não
ao Chico uma oração
Morena Caymmi brejeira
curtida no samba e no álcool,
dadeira.


Ciumêra

Katarzyna Widmanska

Primeiro era a falta de memória,
depois veio tudo aquilo,
tanta cena, tanto arquivo
tanto poema,
que foi tudo ficando assim
meio batido,
meio alusivo,
sendo repetido
sem qualquer sentido,
senti entrar por trás
de uma só vez
quando vi o bonito
sendo assim engolido
e expelido
por cuzões e empedernidos
mas fazer o quê ?
a palavra é livre,
e é assim que eu a vejo linda,
se esfregando de boca em boca,
se entregando
sem nada em troca.
Que algo a proteja
e que lhe preserve a força,
que o tesão a mantenha,
desembestada e solta
ou que alguma desgraça
me faça cega , surda e muda
pra vivermos só eu e ela
em reverências eternas
na escuridão dos meus buracos...


Surpresa


Confesso
Não imaginei
Que você voltaria
Pensei:
Tenho sorte de principiante !
Não sabia
Ganhei na loteria...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007


Anseios


me recuso ser esposa
quero ser concubina
me provoca, me domina
nessa dança de acasalar
quero ter cheiro de novidade
um tiquinho de intimidade
ser cúmplice dos seus crimes
e nunca te educar
não quero promessas
quero delírios
estrelar seus sonhos proibidos
satisfazer seus desejos tortos
fazer tudo aquilo
que as decentes não fazem jamais
quero trepar ouvindo jazz
enlouquecida e alucinada
até o corpo não responder mais.


Vá de retro

Kamille Saabre

não acredito em maniqueísmos
mas os opostos que o habitam
contestam minhas poucas certezas
seu doce, seu sal
bálsamo e veneno
quando ofertam o melhor,você suga e cospe
escatológico e bizarro de olhar angelical
seu mel é cicuta, prazer e morte
sua ternura só traz o mau.


Tolice

João Fortini Albano

Você se acha forte
preso nestas barreiras sentimentais
não se magoa ou se fere
Parabéns, seja feliz
preservado neste formol emocional
que só permite pequenos prazeres
afasta de emoções sinceras
e da oportunidade de se conhecer
o livra da dor da entrega
e da experiencia de ser...


Total Fake

Marcio Enrico

fazer promessas
seu dom
cumpri-las jamais
falsas verdades no tom
cumplicidade incapaz
sua energia é roubada
gato, gambiarra de almas
e nada mais.




quando você nasceu
eu já lia
mas ninguém escreveu
avisando que você viria
mesmo assim esperei
príncipe
sapo
banqueiro
operário
daí desisti
desencanei
esqueci
agora vejo
ninguém desliga o desejo
você chegou atrasado
me lascou um beijo
fiquei de quatro
analfabeta num mundo
completamente mudado
num lampejo


Menininho


estranha esta tentação
esse jogo
de esconde e pega
é minha adega
me embriago
se tímido, enlouqueço
perco o prumo
adoro este jeitinho de chegar manso
essa pequena delícia de gentileza
uma sobremesa
acalma
quando sua pele me toca
desperta carinho, um afago
que nem bichinho

sábado, 27 de janeiro de 2007


Passeio


Percorrer seus silêncios
com língua curiosa
Explorar limites
com mãos afoitas
Mapear a pele
conhecer cada canto
Descobrir seus ais
Sentir pulsar
Brincar se cabe
Exceder
Duvidar
Tentar de novo
Jurar que não
Usar humor
Lidar com a dor
Sucumbir
Levitar
Sorrir feliz
Pensar depois
Recomeçar...



Quero tudo
em todos os espaços
Toda
Quero intenso
e amplo,
com força até,
um tanto rude...
essa sede queima
tesão demais
dói
Anda
Adentra
Invade
Depois de agora,
é tarde !!!


Paladar


Boca que abraça
envolvente e quente
língua carinhosa
desliza e alisa
comprime e relaxa
naquilo que pulsa
suga
percorre
busca
aquilo que escorre
e engole.


Pedido


Queridos
Cantem Me
Cantem Na
Cantem Se
Cantem Nos
Cantem Os
Mas pelo amor
de todOs
Renovem a cantada


Líquida dúvida


quem somos nós, que nos admiramos,
sem sequer nos conhecermos?
seres que se nutrem
de poesia e utopia,
e quando próximos desconcertados,
procuramos gestos
que nos levem ao carinho
na distância desfrutado
Não conseguimos
somos avessos
se o ataco ou me defendo
é puro medo
pois não tenho porta nem parede
tenho apenas esta sede
de ser parte da sua água.


Buble Gum


Paola Salazar Murillo

Qualé rapá ?
Agora vai falar do meu cabelo ?
Do meu joelho?
Tenha dó, isso é apelo !
show de menino mimado
gente que quer atenção
faça não, faça não
Isto é normal acontece
Brincadeira que não deu certo
só não fique bancando o esperto
pois tá beirando o bossal
Peço não me decepcione
Pensei que já fosse homem
Assume: não rola,
me deixa,
deleta, não olhe pra trás
quem sabe assim eu consiga
guardar de você
ao menos uma lembrança tutti-frutti.


Sambinha



Sintonia não é coisa que se despreze
Tesão é bem fácil encontrar
Eu respeitei sua escolha
de embarcar na vaidade
Não venha reclamar
Não venha argumentar
Entreguei minha amizade
de bandeja e mesa posta
Não tinha o quê complicar
Primeiro diz que me gostas,
depois me vira as costas
Não venha se explicar
Não venha me acalmar
Péra lá, assim não dá
Fui tola eu sei,
acreditei no que vi
na estampa um belo homem
no proceder um guri...


Clementina Soul



Fazer o quê,
se não nasci pra ser blasée ?
Me descabelo !
Não ligo pra moda,
nem pra antigo,nem pra moderno,
muito menos pro eterno.
Quero mesmo é rebolar
minha bunda de negra gorda,
enquanto o tambor
soar neste salão...
Estando você, ou não.
Se gostam ou se não gostam,
que comam menos
ou durmam na pia,
tô por aqui de gente vazia.
Bóra DJ,
quero ver tamborim repicar,
e em homenagem a quem se incomoda :
Vou vadiá
Vou vadiá
Vou vadiá !!!